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Nesta pesquisa, o propósito foi estudar as características peculiares do trabalho terceirizado no Setor Elétrico de uma cidade do interior de Minas Gerais. Trata-se de
um estudo qualitativo, de natureza descritiva, que adotou como instrumento de coleta de dados entrevistas, realizadas com sete trabalhadores eletricistas terceirizados, além da viúva de um trabalhador acidentado e de um colega que o acompanhava no dia do acidente. O processo ocorreu em três etapas: pesquisa documental, realização das entrevistas e um estudo de caso em torno de um acidente fatal de um eletricista terceirizado. Os dados foram analisados à luz da análise de conteúdo proposta por Bardin (2011), realizada em três etapas: pré-análise, que constitui a seleção do material e a definição dos procedimentos a serem seguidos; exploração do material, que é a implementação desses procedimentos; e, por fim, o tratamento e interpretação dos dados. O estudo manteve diálogo com teóricos que estudam as características do trabalho terceirizado e do processo de terceirização que vem ocorrendo no contexto brasileiro. Os resultados apontaram que fatores como jornada de trabalho extensa, baixos salários, más condições de trabalho, realização de serviços em equipes menores que o permitido na CEMIG e a falta de supervisão são elementos importantes para caracterizar a precariedade a que esses trabalhadores estão submetidos. Observou-se, portanto, que o trabalhador terceirizado está exposto a um contexto de trabalho que pode colocar em risco sua integridade física. Nesse cenário, o direito do funcionário de recusar a realização de tarefas que o exponham ao risco de acidente se apresenta apenas
como uma formalidade, pois essa recusa representa quase sempre a possibilidade
de perda do emprego. Tudo isso gera instabilidade e impacta negativamente a identidade desses trabalhadores, acarretando incertezas, ansiedade e outros sintomas psicológicos, além de aprofundar as desigualdades, sugerindo a existência de um trabalho precarizado. |
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