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O presente estudo foi realizado com o objetivo de descrever e analisar as percepções
de pessoas com deficiência e de gestores que trabalharam ou trabalham em empresas
privadas de Minas Gerais, no processo de inclusão das pessoas com deficiência quanto
à aplicabilidade da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) no trabalho. Foi realizado um estudo
de caso descritivo com abordagem qualitativa. A coleta de dados ocorreu por meio entrevistas individuais com roteiro semiestruturado com o total de 20 entrevistados,
sendo 10 pessoas com deficiência que trabalham ou já trabalharam em empresas
privadas e com 10 gestores de organizações que já participaram ou participam do
processo de inclusão dessas pessoas. Os dados coletados foram analisados tendo por
base a análise de conteúdo, sendo definidas categorias a priori e subcategorias a
posteriori aos dados. Dentre os resultados, foi identificado que as pessoas com deficiência física encontram dificuldades no processo de inclusão devido à falta de
acessibilidade e à falta de qualificação profissional. Na percepção das pessoas com
deficiência, muitas organizações as contratam para parecerem inclusivas, pois são
obrigadas pela lei de cotas a manter colaboradores com deficiência. Entretanto, na
pesquisa realizada com os gestores, foram identificados contrapontos, pois, para estes,
é de extrema importância ter pessoas com deficiência no quadro de colaboradores, uma
vez que eles têm histórias e experiências de vida e lidar com a diferença torna a equipe
mais solidária. Para os gestores, não há distinção entre colaboradores com ou sem
deficiência, e a dificuldade em contratar pessoas com deficiência está na falta de
interesse desses profissionais em se manterem no mercado de trabalho formal. Com
relação à LBI, identificou-se desconhecimento da lei e dos direitos trazidos por ela por
parte da maioria dos sujeitos entrevistados, o que pode ser um indicativo da dificuldade
da inclusão deste público no mercado de trabalho. Grande parte dos gestores
entrevistados afirmou praticar condições justas e favoráveis de acesso ao mercado de
trabalho, proporcionando a igualdade de remuneração e participação em cursos,
treinamentos, planos de carreira, bonificações, incentivos e admissão em condições de
igualdade com os demais colaboradores, sem distinção e discriminação. Quanto às
condições de acesso e permanência, identificou-se que a Lei de Cotas é uma das
formas de acesso ao mercado de trabalho e que nem todas as pessoas com deficiência
contam com recursos de tecnologia assistiva, agente facilitador e apoio no ambiente de
trabalho. Com o presente trabalho espera-se contribuir para demonstrar que as pessoas
com deficiência e os gestores ainda possuem percepções sobre inclusão muito aquém
do que realmente a LBI propõe. Além disso, para que os gestores possam refletir mais
sobre a importância de entenderem a LBI e discutir o assunto para melhoria das
organizações, não somente para o preenchimento de cotas, mas para fazer as pessoas
com deficiência se sentirem importantes, pois a aplicabilidade da LBI em empresas
privadas do estado de Minas Gerais, ainda é um tema pouco abordado. Assim, pretende
contribuir para que em futuras pesquisas pessoas com deficiência possam ter segurança de falar sobre suas experiências e os gestores possam avançar nas práticas inclusivas, uma vez que tanto as pessoas com deficiência, quanto os gestores devem sempre estar sempre do mesmo lado dentro da organização. |
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